No céu de anil, onde a lua se desfaz
Um rosto emerge, de traços aveludados
Lábios de rubi, em silêncio e paz
Pele de mármore, sonhos inacabados
Das profundezas de um mar de páginas
Nuvens de versos, espelhos do saber
Uma figura esguia, entre as miragens
Em frágil barco, a tinta a escrever
Com pena alva, que o éter perfura
Traça segredos, do tempo e do além
Em cada curva, uma nova aventura
Em cada verso, um eterno refém
Pássaros negros cortam o horizonte
Anunciando histórias que o vento traz
A mulher, a lua, no olhar que se esconde
Onde a melancolia em poesia se refaz