Não cale minha voz, nem meus sentimentos que esvoaçam por outros horizontes. Não queime minhas recordações com palavras que trincam meu cálice. Transbordando em lugares insólitos. Não sou de aço e de mim não farás de gato e sapato. Sou vida que em qualquer lugar sobrevivo. Sou parte da natureza, não duvides que posso germinar do asfalto escaldante, no topo de geleiras, nas profundezas dos mares e da minha própria luz que se adelgaça. Fazendo de mim o meu próprio abrigo. Solitária mais com vida. Na mortificação entre os ventos rasgando o céu com suas descargas elétricas, flutuo nas nuvens do meu sossego, alojando-me no cálice trincado desabrochando em flor. No meio das agitações do cotidiano. As pessoas passam e no vão destes passos, estarei a mil léguas em meus caminhares largos sem estar fragmentada. Sou o oceano em fúria ou manso, o arco-íris que desponta depois de uma tempestade ou pequenas gotículas, sou acima de tudo o baluarte que findará em seu último sopro, quando a mão do Criador me chamar. Sou vida, amor, intensa...
Não permitindo fazer de mim, mil
pedaços.