Meus pensamentos se foram afastando
de mim, porém chegado a uma senda acolhedora dos tumultuosos pesares presentes
e me detenho, de olhos fechados, num aroma de distância que eu mesma fui
conservando em minha pequena luta contra a vida.
Somente vivi o ontem. O agora tem a
desnudez à espera do que deseja, pelo provisório que vai envelhecendo sem amor.
Ontem foi uma árvore de longas
romarias, e à sombra estou deitada recordando.
Subitamente, contemplo, surpresa,
longas caravanas de caminhantes que, chegados como eu a esta senda, com os
olhos adormecidos na lembrança, cantam canções para si mesmo e recordam.
Algo me diz que mudaram para se
deterem que falaram para se calarem, que abriram os olhos atônitos ante a festa
das estrelas para os fecharem e recordar.
Deitada neste novo caminho com os
ávidos olhos enflorados de distância, cuido em vão de deter o rio do tempo que
tremula sobre minhas atitudes.
Mas, a água que logro recolher fica
aprisionada nos ocultos reservatórios do meu coração, em que amanhã terão de
submergir minhas cansadas mãos solitárias.