Ontem parei para relembrar, o quanto
somos capazes de enfrentar as limitações, doenças que nos amedrontam, seguimos
firmes e confiantes e tornamo-nos um gigante.
Ah! O filme da vida abriu qual
cortina de um palco, encenando em pequenos flashes
momentos que vivi.
Aos poucos me vi menina no colo de meu
pai, do sorriso meigo e do amor de minha mãe, da minha xereta e querida irmã,
que cantava ao som de seu violão para curtimos as músicas da época e
confidências só nossas.
Sei que o ciclo natural é nascer e morrer,
mas quando as perdas são inesperadas e sem marcar os minutos e nem as horas,
juntamos tudo que somos e seguimos com um coração apertado. Em nove meses nasce
uma criança, e os meus neste lapso de tempo renasceram num jardim de açucenas...
Dilacera o peito, e rasga a alma
em pequenos fragmentos que parecem não mais colarem.
O tempo vai moldando, com a sabedoria
de mostrar que quando se viaja... Mudam para outro lugar que na vastidão dos
dias abrem luzes que iluminam e nos fortalece na fé e na gratidão.
Revivi momentos tão meus, o nascimento
dos filhos, os primeiros passos, as primeiras palavras que anotei:
borsboleta (borboleta), longriça (linguiça), manica (máquina), chavedura
(fechadura), lindos e amados, um orgulho que tenho de hoje tê-los adultos. Passamos
por tantos percalços que faz parte deste contexto vivido. A alegria de ser avó.
Ver que o tempo vai passando, as
mudanças interiores acontecendo, na percepção que não devemos nos abater e sim
levar cada fase boa ou ruim.
De preferência na bagagem interior,
num compartimento que nos deixe olhar e sentir que seguir e não olhar para trás
é sempre a forma mais forte de correr na direção dos sonhos, da vida, das
belezas que a natureza nos deixa para curtir, das oportunidades que nos chega
sem pedir e acima de tudo por ter fé inabalável em Deus. Sustentáculo que
enxugam as lágrimas, renovando-me nas orações que faço.
Aprender que o corpo muda com o passar
dos tempos, que já tive meus 20, 30, 40 e hoje estou na casa dos 56 anos.
Aceitando as modificações que a natureza transforma, por ser assim o natural e
sempre imaginei que a Lua é a privilegiada que permanece firme com a gravidade.
A beleza de cada qual, reluz com o
brilho que se pode passar e nas gentilezas retribuídas, mesmo quando do outro
lado à aspereza habita.
Gratidão de ter amigos que fortalecem
os laços que foram unidos desde criança, e também aos que chegaram dizendo que
não há tempo de sermos amigos.
Grata por tudo é assim que estou
subindo os primeiros degraus sem pressa de chegar ao topo, por que a marcha é
lenta e a modificação interior não se dá de um dia para o outro.
Grata por ter aprendido e ainda
aprendendo que tudo tem seu curso, uma margem, um lado fundo e um lado raso.
E que podemos aprender sempre, por que
a vida é uma Escola sem formaturas...