Quando criança existia em meus pensamentos
Um mistério que vinha de um sótão.
Ele ficava na casa da minha avó paterna.
A porta da entrada era curiosa,
Tinha tramela e era cor de rosa.
Suas escadas estreitas e escuras.
A luz era acesa para chegar-se ao
Outro lance das escadas.
Ao chegar ao sótão que era grande,
Abria a janela para ver o que ali escondiam.
Menina curiosa que era, ficava olhando
Em volta daquele enorme quarto, muito bem
Arrumado, encerado.
Lá eram guardados, livros, chapéu, parte do vestuário,
Tinha cama, baú, cadeira, brincadeira.
Na minha imaginação não entendia o porquê ali
Era escondido e secreto.
Com o tempo descobri, que a maioria
Das casas da época abrigava um sótão.
Os arquitetos descobriram que no sótão,
Chegamos mais perto das estrelas,
Olhamos a lua refletida na janela.
Amaria alguém em plena primavera.
Faria dele um aconchego sem medo,
Misturando luares,
Amores, desejos e segredos.