Na cegueira
noturna dos que vagam sem destinos pelos labirintos ecoando gritos, pelos becos
da vida. Seguem com suas vestes despedaçadas, em sintonia com aquém da
realidade.
Filhos da vida açoitados por histórias inacabadas...
Infâncias que
se esvaem nas ruelas de encostas sem costas que abrigam.
Espalhados por todas
as cidades sem asilo.
Mudas, que mudam a sintonia dos que observam e nada fazem
porque o seu mundo está em outra coisa. Na viagem lunática de seus vícios vão
flutuando nos acolhimentos que escolhem por toda cidade. Convivem e perambulam
em busca da saciedade, das loucuras que a mente absorveu.
Pedidos com sorrisos
e boa conversa nas sinaleiras, um pão com café quente....
Uma palavra sem
afronto.
Pois, seus dias ele sabe que não tem retorno para a realidade de um
certo passado....
Assim, é o contraste do que vejo diariamente e quando estão
dispostos a conversar no ponto de ônibus, imagino a vida pintada em uma grande
tela.
Com muitos rabiscos e com alguns traços que identifico.
Temos família, filhos,
netos e a cena que me vem à cabeça são estas criaturas que sobrevivem de tantos
sofrimentos, que machucam seu íntimo e nós muitas vezes não conseguimos
entender a complexidade de cada história relatada e sofrida.
Apenas, queremos
que as mudas, possam morar em uma floresta encantada feito sonhos de fada.