não quero ser assunto da semana.
Quando eu morrer não conte aos que me amam, eles vão chorar, vão ficar tristes,
vão gritar pelas ruas,fazer fita.
E eu juro que não os quero tristes.
Quando eu morrer não me enterrem no chão, talvez eu brote em rosas e açucenas e,
muita gente vai ficar decepcionada com isso.
Façam assim:Joguem meu corpo ali na praça, deixe de preferência uma vela acesa
bem junto a minha cabeça, para que eu possa ler de madrugada.
Não falem que eu fui boa pelo menos sem vida.
Quero ver bem longe a hipocrisia desta gente oca.
Tirem depois duas fotos: Uma dos meus olhos para os meus amigos verdadeiros,
outra da minha nuca,para os que amam me criticar pelas costas.
Não depositem flores nos meus braços,elas murcham depressa ...
Olhem-me apenas com sinceridade.
E eu me sentirei coberta de pétalas ...
Não rezem essas preces decoradas. Pensem-me apenas.
E eu me sentirei orvalhos de ternuras.
Não carreguem meu corpo pelas ruas na vulgarização emocional.
Cremem meu corpo.
Quero fazer parte de alguma nuvem calma, para apreciar o infinito sentada numa estrela ...
E se alguém perguntar para onde fui, mintam que me tornei uma ermitoa e
fui morar no azul do firmamento, num recanto escolhido, longe de tudo o que me odeia e mais longe ainda, dos que me esqueceram.